APRESENTAÇÃO

Este blog tem por objetivo apresentar os meus contos, considerando que todos são criação minha, escrevo por hobbie e quando tenho tempo, mas eu amo escrever e faço isso por prazer, por gostar de poder criar histórias e não apenas lê-las.
Quero que fique claro que as fotos usadas por mim, como simbologia da representação de cada conto em particular, são apenas para auxiliar na apresentação dos mesmos, não tenho nenhuma intenção de infligir as leis dos direitos autorais, pelo contrário procurei pesquisar na internet para fazer uso de material público, portanto se essas fotos tem dono peço minhas sinceras desculpas e se sentirem lesados, podem me comunicar que eu deixarei de usá-las.

A todos os demais sejam bem vindos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

ROTINA

Todos os dias, durante muito tempo, Sarah fazia sempre as mesmas coisas, sem mudar uma só vírgula da sua inabalável rotina.
Depois de levantar, tomar café e verificar se todas as portas da sua modesta casa, estavam trancadas, ela andava umas quatro quadras até chegar ao seu trabalho.
Porém, em um determinado dia o relógio de Sarah que a despertou por muitos anos, resolveu não despertar naquele dia, ocasionando o desespero dela em chegar ao trabalho.
Passaram-se dias e meses e dias e meses e dias e meses e dias e ninguém nunca mais a viu andando pelas ruas novamente.
(Rosimeri Da Cruz)

VERMELHO

"Ela invadiu o quarto, mas seus olhos se negavam a acreditar no que viam. Pois pela primeira vez em sua vida, não soube o que fazer, já que nunca passou por algo assim.
Ela não acreditou no que estava acontecendo e pensou será que eu mereço tudo isso?
Então de repente um sentimento de nojo começou a tomar conta do seu ser, pois afinal não é comum adentrar-se no seu próprio quarto e encontrar em sua cama víseras espalhadas em meio ao lençol branco, manchas de sangue tomando o lugar do papel de parede e flores fúnebres acompanhadas de velas negras, que a fizeram cair ao chão como uma folha cai de uma árvore."
( Rosimeri Da Cruz)

KILL

Aquela noite foi a mais temida de todas, que aquela pequena cidade presenciou. Havia lugar somente para a névoa que transpassava a sombra das ruas despedaçadas e invadia a alma daqueles habitantes que lançavam olhares tristes, deixando todos que ali estavam estagnados . Afinal nunca os cidadãos haviam presenciado algo tão cruel, mulheres haviam sido assassinadas, o assassino nem ao menos se lembrou de deixar um mísero vestígio sobre o local do crime, nada que pudesse identificá-lo foram crimes perfeitos da mais pura competência que até hoje ninguém jamais aumenos desconfiou de quem teria feito aquele massacre contra as mulheres livres, todos começaram a acreditar que aquele dia não passou de delírios provocado pelo imaginário de suas mentes.
(Rosimeri Da Cruz)

Em busca do amanhã

É engraçado perceber como a vida,não passa de um fio fino,que a qualquer momento pode ser rompido,frágil porque com um simples sopro ele pode escapar das nossas mãos e voar para um lugar tão longíquo,que nem mesmo os nossos maiores esforços serão capaz de encontrá-lo novamente. Feio quando de repente somos obrigados a termos um encontro com a cruel e horrível realidade e sombrio por sermos forçados a aceitar essa cruel realidade que até então estava escondida. Em algum momento da sua vida você já se perguntou por que temos que passar por determinadas situações que nos causam dor e sofrimento? Caro leitor nem sempre temos as respostas para as questões como essas pois o rumo que ela toma, nenhum de nós sabemos qual será, como será, quando será ou onde será, mas a única certeza que temos é que um dia ela deixará de existir. Para mim, é como se eu estivesse vivido os meus cinqüenta e cinco anos, em um único dia, tudo ainda é tão breve, já que os meus fantasmas insistem em me perseguir, querendo sangrar e sangrar e sangrar o meu pobre e duro coração, ainda posso ouvir as suas malditas vozes, vozes de víboras persuasivas, que estão impregnadas em todo o meu ser e no mais profundo da minha alma. Faz vinte e cinco anos, que moro na mesma casa velha, ela é toda de pedra, com muitas teias de aranha que ajudam a decorá-la, não tem nenhum quadro, nenhuma foto, nada que me lembre o passado. Ainda durmo na mesma cama dura, uso as mesmas roupas, quando uso, banho já não tomo há cinco anos, mas confesso que o cheiro me agrada, não tenho nenhum vizinho, nenhum contato com a chamada civilização, pois a casa onde moro fica na montanha, cercada de árvores, muros muito altos e portões enormes, justamente para que ninguém possa me perturbar. Embora o que mais me perturba está guardado na minha mente, em algum lugar que nem mesmo eu tenho mais acesso. Mas, nem sempre foi assim, houve uma época da minha vida, que eu tive uma casa de verdade, uma família, muitas pessoas ao meu redor e por um breve tempo eu gostei, ou melhor, amei essa época e tudo o que ela me proporcionou. Tudo começou quando eu tinha sete anos, a casa dos Willians foi vendida e dois meses depois os Vanhausen a compraram, lembro-me do dia como se fosse ontem, pois me apaixonei desesperadamente com todas as forças do meu coração pela filha deles, a pequena e graciosa Julie. Não demorou muito tempo para que ficássemos amigos, para falar a verdade, nada mais teria graça, se ela não estivesse comigo. Os anos passaram-se, porém o meu sentimento por ela permanecia intacto, inabalável, ao passo que no fim daquele mesmo verão estávamos namorando e cada minuto que eu passava ao lado dela, fazia com que eu me apaixona-se ainda mais por ela e pela sua beleza encantadora. Além da sua esplendida beleza, Julie era uma moça muito culta, de uma inteligência admirável, dos seus lábios saiam apenas palavras doces e delicadas, parecia que tínhamos nascidos um para o outro, sempre que estávamos juntos perdíamos a noção do tempo e ficávamos conversando por horas e horas e quanto mais falávamos, mais queríamos falar, não tinha assunto que ela não soubesse ou falasse, tudo ela sabia, tudo entendia, além disso, ela era uma verdadeira dama, posso ainda afirmar que jamais conheci uma pessoa melhor do que ela, nem mais integra, nem mais bela, nem mais calma e nem mais controlada do que ela. Ah essas vozes, essas malditas vozes, vão embora, saiam daqui, eu não quero mais ver vocês, não quero mais ouvir, saiam agora, ah seus infames parem de me perseguir, ai, dói, como dói, a minha cabeça parece que vai explodir, os meus ouvidos já estão cansados de ouvir essas vozes repugnantes que me assombram dia e noite, noite e dia, eles falam, sussurram,gritam, batem, é eles também batem, debaixo da cama, eu vou me esconder debaixo da cama, lá eles não podem ir, lá eles não me pegam, não vão, não vão. Seus miseráveis, porque fizeram isso? O que eu fiz? A culpa é toda de vocês, só de vocês. Acalma-se querido, você precisa se acalmar, eu estou aqui com você, eu não vou te abandonar, vamos me de a sua mão, eles já foram embora, agora você está seguro, pois eu estou aqui. Depois de ouvir essa voz suave e generosa, um sentimento de calma e tranqüilidade tomaram conta de mim e eu pude sair debaixo da cama. É querido leitor, o meu passado, tem muito mais fantasmas do que você pode imaginar, nem sempre aprendemos a lidar com os nossos problemas e nem sempre as soluções que encontramos são as mais adequadas ou as mais sensatas, na maioria das vezes acabamos nos arrependendo das nossas decisões, mas já é tarde demais para voltar.Voltando para as perdidas lembranças do meu passado, a minha história com Julie a cada dia ficava mais bonita, mais intensa e mais verdadeira. Ela me dava a certeza de querer viver, de querer te-la ao meu lado todos os dias da minha pobre vida, fazíamos planos de quantos filhos iríamos ter, como seria a nossa casa e juramos envelhecer juntos, como você pode ver leitor o nosso juramento não foi mantido. Namoramos durante vários meses, tivemos os mais lindos e gloriosos momentos, esses mesmos que tornaram-se inesquecíveis, dando-me a certeza de que queria te-la como esposa e companheira pelos restos dos meus dias. O nosso casamento foi sublime, jamais vi outro igual, éramos tão felizes, até um filho iríamos ter, mas em um belo dia Julie passou mal contraindo uma hemorragia, foi inevitável, ela perdeu o nosso filho. Em um determinado dia, eu quis fazer uma surpresa para Julie, decidi ir para casa mais cedo, querido leitor você não imagina como um segundo apenas foi o suficiente para acabar com toda a minha vida, ou o que eu acreditava que fosse a minha vida. Quando cheguei em casa, subi as escadas louco para matar a saudade da minha querida esposa, me arrependo amargamente desse dia, pois quando entrei no quarto, encontrei-a nos braços do meu querido e amado irmão, é leitor eu tinha um irmão, pois para mim ele já não existe mais, mas essa cena foi apenas o começo das minhas desilusões, descobri que a minha querida esposa nunca me amou, nunca foi santa, nunca foi ingênua, pelo contrário, o tolo fui eu que acreditei cegamente nos dois, como se não bastasse, descobri que Julie abortou o nosso filho propositalmente, ela me confessou que nunca quis ter um filho comigo, pois tinha nojo de mim, limpando-se cada vez eu que a tocava, sem que eu visse, o meu amado irmão quem eu depositava a minha total confiança riu de mim, me humilhou dizendo que era mais homem do que eu, que nenhuma mulher jamais me amaria, pois até um verme era mais digno. O choque que eu levei foi tão grande, que eu não consegui mais ficar ali naquele lugar infame, cruel e monstruoso que eu pensava que fosse o meu lar, imediatamente sai correndo, desesperado, com vergonha de mim mesmo, sentindo-me fracassado como homem, como irmão e como ser humano. Corri durante dias, durante noites, até que encontrei uma casa na montanha mais alta, mais perigosa e mais traiçoeira que já conheci. Fugi para não ter que encarar os risos, as piadas que todos fariam a meu respeito, por não saber lidar com os problemas que surgiram diante da minha face, para não precisar nunca mais me olhar no espelho, sendo obrigado a encarar a mim mesmo, eu não iria agüentar toda essa humilhação, entretanto sei que não deveria sentir-me envergonhado já que eu não fiz nada, porém esse e todos os demais sentimentos que surgiram são inevitáveis, incontroláveis, tornando-me um homenzinho medíocre. Por todas essas coisas que me aconteceram, eu perdi o controle de mim mesmo, vivendo entre a realidade e a paranóia, construindo para mim um mundo de fantasias para talvez poder esquecer para sempre toda essa tragédia que se tornou a minha vida. Vivo apenas em busca do amanhã, com a esperança de apagar totalmente essa triste lembrança do meu infeliz passado, pois o que seriamos de todos nós se perdese-mos a esperança? Nem sempre a nossa vida é como nós planejamos, ela na verdade é uma caixa de surpresa, que quando menos esperamos algo inesperado acontece, sinto dizer mas na maioria das vezes detestamos essa surpresa que a vida faz questão de dar, o que torna de certa forma mais difícil de aceitar a tal imposição, tanto propagado pela pobre vida ou destino, como muitos afirmam. Independente do que seja, ainda assim não quero deixar de acreditar em alguma coisa, me recuso a aceitar que o amanhã poderá ser pior do que hoje, que nada poderá se resolver, que a minha existência nesse mundo não tem mais sentido, que nunca mais irei recuperar a minha essência, é claro que nada voltará a ser como antes, não importa, pois tudo o que vivi foi uma mentira cruel e sem vergonha, entretanto desejo do mais profundo do meu ser acreditar e buscar o amanhã. Querido eu estou aqui, vem comigo, juntos nós poderemos mergulhar no imenso universo que nos espera, vem meu anjo, vem, eu estou te esperando. Você não é real, eu estou delirando, você não existe, vai embora sai daqui. É mesmo então porque você não toca em mim, então verás que sou de carne e osso, assim como você, vem querido, vem comigo. Não pode ser, eu posso tocar em você, posso sentir o seu calor, posso beijar a sua boca e sentir os seus lábios entre os meus, mas como é possível? A anjo da minha vida, para de criar tantos empecilhos e venha comigo, prometo que não irá se arrepender, vem meu bem, vem, não pense mais, porque está duvida não acredita em mim? Estou triste com você, o que eu fiz para que duvide de mim, eu não mereço isso, anda querido, venha, nós vamos ser felizes, você vai ver, esqueça a Julie ela não existe mais. Afinal, que é você? Sou o teu eterno e único amor, para provar a grandeza dele, eu lhe trouxe um presente e aposto que você irá gostar, agora está convencido do meu amor por você? Eu não irei te abandonar, ela te abandonou eu não, não farei isso com você, isso já não é suficiente?Vem, não vou te abandonar, nunca farei isso, eu prometo quantas vezes forem necessário. Você não existe, sai, mas antes qual é o meu presente? Toma veja você mesmo. Nunca me senti assim, depois de receber o meu presente, fiquei tão leve parecia que já não era mais eu que estava ali, o meu corpo parecia se desfazer da sua existência material, eu nunca me senti tão bem, de repente tudo ganhou mais cor, até as paredes deixaram de ser pedra para tranformar-se em uma cor meio avermelhado, para falar a verdade até eu estou vermelho, essa cor é engraçada, ela penetra no mais fundo da nossa alma, tranformandonos simplesmente em pó. ( Rosimeri Da Cruz)

O que você faria?

Quando abro os meus olhos vejo a mesma porta empoeirada, que o tempo tratou de corroer, as mesmas paredes escuras e frias que encobrem todas as minhas angústias e lamentações que ficavam perdidas no meu trágico e incompreendido passado. Há também uma cama velha com um colchão desconfortável causando dores no meu velho corpo. Durante os longos dias, as longas horas e os longos meses em que fui destinada a viver nesse lugar, onde o meu melhor amigo é a solidão, desejei do mais profundo da minha alma que a sombra da escuridão viesse e tomasse conta do meu ser, colocando assim um ponto final no meu martírio levando me ao descanso ou castigo eterno, já que sou a mais indigna das mulheres. -Olá, dona generosidade, como vai? -Um dia desses vocês entederão o que eu fiz. -O que você fez, cadela, é imperdoável. -Sai daqui, vai embora! -Ta nervosa é, fica ai com a sua bela janta que amanhã eu volto para buscar o seu prato. Detesto essa mulher com todas as forças, desde que eu cheguei aqui ela me persegue, com o seu terrível e insuportável sarcasmo. Confesso que tenho vontade de mata-la para nunca mais ver o seu sorriso irônico transparecendo em toda a sua face. Você deve estar se perguntando quem sou eu? Onde eu estou? O que eu fiz? E quem é essa mulher que me persegue? Meu nome é Sarah, não faço a menor idéia de quantos anos tenho.Calma querida leitora, você já irá entender o porquê que eu não sei a minha própria idade, mas garanto que não alsaimer, infelizmente pois assim eu não me lembraria de tudo o que aconteceu e também não poderia te contar a minha triste história. Eu nasci na cidade de Chicago, na manhã do dia 14 de novembro no ano de 1925, em uma bela manhã de inverno. Eu sempre tive uma vida confortável, nunca me faltou nada, o meu pai era um homem de negócios que sabia como ganhar dinheiro, tanto que nem mesmo a crise de 29 foi capaz de afetar a sua imensa fortuna. Quando eu tinha quinze anos, conheci o meu falecido esposo.Seu nome era Robert.Lembro-me do dia, como se fosse hoje, foi o dia mais feliz da minha vida, pois naquele momento eu soube que era o homem que arrebataria o meu coração. Ele era alto, forte, os seus cabelos eram da cor do sol, sua pele da cor da neve, os seus lábios vermelhos como uma maçã, linda e bela maçã e os seus ternos olhos eram negros e sedutores, que me faziam estremecer. Alguns meses depois estávamos casados.Os anos passaram-se e nesse meio tempo tivemos uma linda filha, a quem demos o nome de Rebeca, que era fruto do nosso amor, porém dois meses depois do seu nascimento o meu marido morreu. Passaram-se vinte anos, porém desde a morte do meu amado esposo, nunca mais me casei. Na bela casa que herdei de Robert e toda a fortuna que o meu pai deixou, fizeram-nos ter uma vida tranqüila e confortável, até o inesperado dia em que iríamos acordar do nosso esplendoroso sonho para começar a viver o pesadelo em que nossas vidas iriam se transformar. No dia 10 de Junho de 1965, eu e Rebeca estávamos em Nova York, quando a minha querida e amada filha de repente caiu no chão do hotel. Ela gemia e gritava e gemia e gritava e gemia. Desesperada, levei-a imediatamente ao hospital, pois não poderia permitir que nada de mal acontecesse com ela.Se eu a perdesse, a minha vida não teria mais sentido algum, pois era a única herança deixada pelo meu amado esposo, e eu não suportava a idéia de perdê-la e se isso acontecesse eu morreria. Depois de uma série de exames, o médico, Dr.Edward Engels, chamou-me até o seu consultório e falou: -Infelizmente a sua filha não tem muito tempo de vida, ela está com câncer nos ossos, já em estágio terminal. -Não, doutor, não pode ser verdade.Naquele momento eu entrei em desespero.O senhor está brincando comigo? -Não, minha senhora, disse o médico. O meu dever é curar vidas e não brincar com os sentimentos das pessoas. -Me perdoe, eu não sei o que pensar. -Eu entendo. -E não há nenhum tratamento para a doença? -Tem sim, ela irá ficar algumas semanas no hospital, onde começará a tomar morfina, depois irá para casa. -Morfina, doutor? -Não tem outra solução, o câncer está muito evoluído, por enquanto a morfina aliviará a dor, mas daqui a algum tempo nada irá resolver. -O senhor está me dizendo que a minha filha irá morrer? -Infelizmente só um milagre poderá salva-la. Depois da noticia, entrei em estado de choque, era como se o chão desabasse sob os meus pés. Eu nunca chorei tanto na minha vida, nunca acreditei que existisse algo superior, mas a partir daquele dia passei a rezar e a fazer promessas, pois eu tinha que tentar de todas as formas salvar a vida da minha filha. Mas o seu estado de saúde piorava a cada dia, mas, embora ela estivesse fazendo o tratamento que o médico ordenara, ainda assim ela não melhorava. Passaram-se dois meses e Rebeca teve uma leva melhora que a possibilitou de ir para casa, mas a cada dia a dosagem de morfina aumentava, porém os seus ossos doíam tanto que a coitadinha gritava de dor toda a noite e eu sempre estava lá para ampará-la, ajuda-la em seu tratamento e expressar todo o meu amor de mãe, porque para mim ela era a única coisa que importava. Ela queria de todas as formas viver, lutou e acreditou que venceria a doença. Passou-se mais um mês e parecia que as minhas preces estavam sendo atendidas até que em uma noite, quando finalmente Rebeca já não gritava mais de dor e conseguia dormir tranqüila, bateu-me de repente um desespero e um ódio súbito daquela vida que eu amava tanto e que sempre fazia tudo por ela. Em um ato inexplicável eu apliquei novamente a morfina em suas veias provocando uma super-dosagem e ocasionando a sua morte. Imediatamente liguei para a polícia e disse que havia assassinado a minha amada filha, então em 10 de Setembro de 1965 eu fui presa. Todos que me conheciam ficaram chocados e ao mesmo tempo se perguntavam por que eu matara Rebeca. Afinal, eu não a amava? Querida leitora, essa pergunta é mais difícil de responder do que se pode imaginar, tão difícil que nem eu mesma sei o que aconteceu, mas acredito que o medo que eu tinha de perdê-la falou mais alto, pois quando deixamos que os nossos medos tomem conta do nosso ser é quando praticamos as maiores loucuras e por ironia do destino, embora eu tenha tido um breve momento de ódio, eu fiz o que fiz por amor e não por ódio, como achava até esse momento, Sei que está se perguntando como alguém mata e diz que foi por amor? Todos me condenaram, mas eu como mãe, não poderia suportar a idéia de ver novamente o sofrimento estampado na sua face, pois a cada recaída o seu estado agravava ainda mais. Eu sei que não tem justificativa e nem perdão pela decisão que tomei, mas posso afirmar que paguei pelo meu erro dia após dia e ainda pago, já que no julgamento fui condenada à prisão perpétua e aquela mulher que me humilha é a carcereira. Não quero e não posso convencer a ninguém do que fiz a coisa certa, na verdade nem a mim mesma, mas compreendo que jamais odiei a minha filha.O ódio que senti naquele momento foi de mim mesma por ter tido coragem de acabar com a vida de quem queria tanto viver. E você o que você faria? Eu não sei quantos anos tenho, mas sei que logo irei partir, pois quando olho nas minhas mãos percebo como o tempo passou, talvez a única esperança que me resta é a morte, para que eu possa encontrar a minha filha para pedir o seu perdão e quem sabe abraça-la novamente. Hoje segundo a carcereira é sexta-feira e agora está na minha hora de dormir. É engraçado, mas estou voando, cara leitora, voando com a esperança de rever minha querida Rebeca, já me sinto leve como uma pluma, está chegando alguém, é a carcereira, é leitora, eu morri e do alto posso ver o meu velho corpo e como fiquei feia, mas não acredito no que eu estou vendo, a carcereira que me perseguia, lembra? É ela entrou em desespero ao ver-me morta, pois agora quem ela irá perseguir? Ela acabou de cometer suicídio. Que ironia não? Nem depois de morta vou ter sossego. Bom, esta é a minha história. Adeus querida leitora, até a outra vida. ( Rosimeri Da Cruz)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010