APRESENTAÇÃO
Este blog tem por objetivo apresentar os meus contos, considerando que todos são criação minha, escrevo por hobbie e quando tenho tempo, mas eu amo escrever e faço isso por prazer, por gostar de poder criar histórias e não apenas lê-las.
Quero que fique claro que as fotos usadas por mim, como simbologia da representação de cada conto em particular, são apenas para auxiliar na apresentação dos mesmos, não tenho nenhuma intenção de infligir as leis dos direitos autorais, pelo contrário procurei pesquisar na internet para fazer uso de material público, portanto se essas fotos tem dono peço minhas sinceras desculpas e se sentirem lesados, podem me comunicar que eu deixarei de usá-las.
A todos os demais sejam bem vindos.
Quero que fique claro que as fotos usadas por mim, como simbologia da representação de cada conto em particular, são apenas para auxiliar na apresentação dos mesmos, não tenho nenhuma intenção de infligir as leis dos direitos autorais, pelo contrário procurei pesquisar na internet para fazer uso de material público, portanto se essas fotos tem dono peço minhas sinceras desculpas e se sentirem lesados, podem me comunicar que eu deixarei de usá-las.
A todos os demais sejam bem vindos.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Incógnita
Era manhã de quinta-feira, nessa época era costume as famílias terem muitos filhos, por isso a maternidade das cidades grandes estavam sempre lotadas.
Joana estava grávida de nove meses e a qualquer momento poderia ganhar o seu bebê e justamente nessa manhã de quinta- feira ela acordou com a cama encharcada, era a bolsa que havia estourado, sinal de que a hora tão esperada por toda a família havia chegado, o momento em que um novo ser surgiria para alegrar a humilde casa de Joana, Francisco e seus dois filhos mais velhos Pedro e Ana.
O parto foi normal e o bebê foi levado ao berçário para que sua mãe pudesse descansar, duas horas depois quando a enfermeira voltou lá para buscar o bebê, o berço estava vazio, como se em um passe de mágica o pequeno ser que acabara de nascer tivesse simplesmente desaparecido.
Toda a família entrou em desespero, sem saber onde está a criança? Quem a levou? Por quê? Nenhuma das perguntas obteve uma resposta.
Dentre todos os membros daquela família Joana foi quem mais sofreu, ela gritava como se um punhal tivesse sido cravado em seu coração e todo o sangue que pulsava entre suas veias houvesse esvaziado, nem aumenos uma mísera lembrança, ela tinha, pois não chegou nem tê-la em seus braços, a dor que aquela pobre mulher sentiu foi de dar pena, claro que o seu marido e os outros filhos também sofreram, porém o amor de mãe é incondicional, maior que tudo por isso ela sentiu mais.
O tempo foi passando e a maior mentira que todos contam é que ele cura todas as dores, que ele faz esquecer totalmente o que corrói a nossa alma e por mais cruel que isso seja, é mentira quando amamos muito alguém e perdemos, o tempo dono de nossos destinos pode aliviá-la mas é impossível arrancá-la do coração de quem sofre,principalmente de uma pobre mãe.
Passou-se vinte anos depois e por mais que o assunto da criança roubada tivesse sido esquecido, a tristeza ainda impregnava nas paredes daquele humilde lar.
E Joana embora não chorasse mais, não sofresse tanto mais como no princípio, lá no fundo bem no fundo do seu coração ainda havia uma pequena e amarga dor que a cada dia matava um pedaço da sua alma.
Agora restara somente ela e seu querido esposo, já que seus outros filhos haviam casado e estavam constituindo as suas próprias famílias.
Para passar o tempo ela ia visitar a filha que ainda morava na cidade e algumas vezes passava na igreja, em busca de consolo e por que sentia que quando estava lá o seu espírito se enchia de uma paz inexplicável.
Em uma dessas visitas, quando saia da casa da filha, Joana parou em frente a uma vitrine, na loja tinha um vestido tão bonito que acabou chamando a sua atenção, até que um ser vivente passou atrás de Joana, era um homem de alta estatura e ela teve a impressão de conhecê-lo só não lembrava de onde, então ela virou-se para tentar ver uma fresta do seu rosto para buscar no inconsciente de onde ela conhecia aquele homem e no instante em que ela virou sua triste face, ele como se adivinhasse o que Joana iria fazer olhou para trás parando por alguns segundos que foram o suficiente para ver seu rosto, neste momento ela teve certeza que o conhecia de algum lugar só não lembrava onde.
Então passou uma semana, duas, três e ela insistia em fazer a sua memória se lembrar quem era aquele homem e finalmente ela se lembrou, ele era Jean o vizinho que morava na casa ao lado, com excessão de um detalhe Jean estava morto, ele morreu cerca de uma semana antes dela ganhar o bebê.
Quando ela contou o que havia ocorrido para o seu marido, a um primeiro instante, ele no mais íntimo do seu pensamento achou que sua esposa tivesse tomado sol demais na sua cabeça ou que o juízo já estava a deixando só, porém em consideração ao extenso amor que nutria pela sua amada, ele fingiu acreditar no que ela disse e ainda lhe prometeu que encontraria alguma pista que pudesse pelo menos explicar essa história.
Como eles eram vizinhos de nada adiantava procurar na casa onde ele morava antes de morrer, então pensou ele vou procurar na escola onde estudou, não foi difícil descobrir onde era porque todos naquele bairro conheciam o Jean.
Com um caderno de anotações embaixo do braço e convencido de que essa história não ia dar em nada lá foi ele na escola para aumenos dizer que cumpriu sua promessa.
Na escola não encontrou nada, além das excelentes notas que Jean tirava o que só mostrava que ele era um aluno aplicado e não um psicótico capaz de sequestrar, vender ou matar uma criança recém-nascida.
O casal tentou então um outro caminho, primeiro descobrir qual seria o motivo de tal ação e se realmente ele estava vivo, o engraçado é que a segunda opção era mais fácil de descobrir do que a primeira e foi isso que eles fizeram durante dias, meses e dias e meses e dias e meses eles planejaram e quando sentiram estar preparados, então invadiram o cemitério na hora em que somente as corujas estavam acordadas, procuraram e encontraram o túmulo onde ele supostamente estaria enterrado e para a surpresa de Francisco dentro do caixão havia somente pedra e mais do que depressa antes mesmo que alguém notasse que o caixão havia sido arrombado, eles trataram de fechá-lo e enterrá-lo novamente já que eles estavam lidando com alguém que foi capaz de fingir a sua própria morte, então não seria muito bom se ele notasse que alguém estava a sua procura.
Ao chegar em casa, depois de se livrarem de qualquer vestígio que entregasse que eles haviam saído, começaram a se perguntar por quê? Que motivos alguém teria para simular a sua própria morte? Por quê ele sequestraria o bebê do casal?
Então Joana lembrou que antes dela casar-se com Francisco, Jean declarou seu imenso amor por Joana, infelizmente o coração dela já tinha dono era Francisco. Mas como Jean nunca mais tocou no assunto, ela pensou que ele havia se conformado, mas pelo visto ele ficou anos planejando a sua cruel vingança.
Restava agora saber onde ele se escondeu esse tempo todo, então de repente uma vasta ideia passou pela mente de Francisco e por instante ele pensou que essa história pudesse ter o deixado louco, mas ainda assim arriscou contar para sua esposa.
Ele disse ter lembrado que seis meses depois do ocorrido, a casa da frente havia sido habitada por um novo morador, essa hipótese deixou Joana perplexa, pois o tal morador era nada menos do que a senhora Hottuway, uma doce e ingênua velhinha, se os dois fossem a mesma pessoa então ele era muito mais maquiavélico do que eles pensavam, não pode ser disse ela para o marido, a senhora Hottuway é a pessoa mais doce e generosa que já conhecemos, quando ela soube do que houve com nós, o tempo todo ficou do nosso lado nos confortando, consolando sendo que até um rosário ela me deu.
Joana demorou para acreditar na hipótese levantada pelo marido, então Francisco propôs a esposa que eles investigassem a vizinha e ela aceitou já que essa era a única esperança que eles tinham de encontrar a sua filha.
Todos os dias a senhora Hottuway ia a igreja, lá pelas sete e meia já que o culto começava oito horas, então eles esperaram ela sair e vestidos todo de preto com máscaras encobrindo seus rostos, deram a volta no quarteirão e pularam o muro detrás da casa da vizinha para não serem vistos, arrombaram a porta sem deixar vestígios e cuidadosamente com luvas nas mãos, vasculharam aquela pobre casa e nada que comprovasse a hipótese levantada havia sido encontrada a não ser por um cômodo no final do corredor, a porta estava trancada porém Francisco arrombou sem deixar sinal algum e para surpresa de Joana a prova do crime estava ali, todo o plano desde o sequestro até a troca de identidade estava exposto nas escuras paredes do quarto.
Então Francisco pensou em duas hipóteses denunciá-lo para a polícia, o que poderia demorar meses e até anos para descobrir o que ele fez com a criança ou sequestrar o sequestrador então ele convenceu a esposa a ajudá-lo a executar a segunda ideia.
Quando a doce senhora chegou em casa, nem deu tempo de sentir a pancada que recebeu em sua cabeça, no momento em que seus olhos abriram ela estranhou o lugar sujo e feio onde estava e tentou enganá-los querendo saber o que havia ocorrido e por que ela estava toda amarrada em uma cadeira dura, então eles falaram que havia sido tudo descoberto, que eles sabiam que ela era na verdade ele, ou melhor a gentil senhora Hottuway era na verdade o desequilibrado Jean, que por mais que tentou negar, acabou contanto tudo por não suportar mais as torturas que Francisco lhe fazia.
Para que ninguém soubesse do sequestro, eles tiveram que pedir ajuda ao filho Pedro, explicando cada fato, cada detalhe e com sede de justiça Pedro então se vestiu de senhora Hottuway, vendeu a casa alegando que estava indo embora para morar com os filhos em outra cidade, colocou todos os móveis em um caminhão de mudança levando-o para o mais ermo lugar, no mais longínquo que a mais próxima civilização poderia ser encontrada a oito quilômetros de distância dali, então retirou os móveis do caminhão e queimou os que poderiam ser queimados, os que não poderiam ele simplesmente deixou na rua para que pudessem lavá-los embora.
Jean contou que se disfarçou de enfermeiro para poder entrar no hospital, adentrou-se a enfermaria pegou a criança quando ninguém estava vendo, colocou-a no colo andou até encontrar um bosque abandonado, segurou a criança pelo pescoço até que esta morresse asfixiada então cavou uma cova bem funda e a jogou lá dentro, logo depois de se desfazer da criança foi para a cidade vizinha onde ninguém o conhecia e lá ficou por seis meses retornando como senhora Hottuway e jamais alguém descobriria se em um breve momento ele não tivesse tirado seu disfarce, mas não pensou que alguém poderia reconhecê-lo depois de vinte anos, ele se justificou dizendo que toda a dor que Joana havia causado em seu coração ele queria que ela sentisse então decidiu sequestrar seu bebê, ou melhor a sua filha que é a coisa mais preciosa para uma mãe e só se disfarçou de pobre velhinha por que fazia questão de acompanhar o seu sofrimento e pelos longos vinte anos a sua personagem esteve ao lado de Joana e quando ele se encontrava sozinho sentia-se satisfeito por saber que a cada dia que passava um pedaço do coração dela se desfazia e o desespero do ocorrido apagava todo o brilho da sua alma. O erro de Jean foi ter feito mau a um filho, quando se mexe com um filho automaticamente uma mãe é capaz de fazer qualquer coisa para defender os seres que vieram do seu ventre, por isso pela crueldade dos fatos ela achou que ele merecia mais do que ir preso ou ser morto em um só golpe, então ela propôs ao seu marido se ele concordava com o seu plano e ele concordou.
Colocaram-no no porta malas do carro, andaram durante horas e horas até que enfim chegaram, tiraram ele do porta mala e lhe apresentaram ao seu caixão obrigando-o a entrar dentro dele, então fecharam-no, colocaram dentro da cova, jogando terra por cima para que ele aos poucos morresse asfixiado também, então foram embora como se nada tivesse acontecido.
Jean tentava gritar mas quem poderia ouvir a sete paumos de fundura, restando apenas o desespero que o acompanhava e o som transmitido pelas corujas em meio a árdua névoa que fazia naquela noite.
(Rosimeri Da Cruz)
terça-feira, 3 de agosto de 2010
ROTINA
Todos os dias, durante muito tempo, Sarah fazia sempre as mesmas coisas, sem mudar uma só vírgula da sua inabalável rotina.
Depois de levantar, tomar café e verificar se todas as portas da sua modesta casa, estavam trancadas, ela andava umas quatro quadras até chegar ao seu trabalho.
Porém, em um determinado dia o relógio de Sarah que a despertou por muitos anos, resolveu não despertar naquele dia, ocasionando o desespero dela em chegar ao trabalho.
Passaram-se dias e meses e dias e meses e dias e meses e dias e ninguém nunca mais a viu andando pelas ruas novamente.
(Rosimeri Da Cruz)
VERMELHO
"Ela invadiu o quarto, mas seus olhos se negavam a acreditar no que viam. Pois pela primeira vez em sua vida, não soube o que fazer, já que nunca passou por algo assim.
Ela não acreditou no que estava acontecendo e pensou será que eu mereço tudo isso?
Então de repente um sentimento de nojo começou a tomar conta do seu ser, pois afinal não é comum adentrar-se no seu próprio quarto e encontrar em sua cama víseras espalhadas em meio ao lençol branco, manchas de sangue tomando o lugar do papel de parede e flores fúnebres acompanhadas de velas negras, que a fizeram cair ao chão como uma folha cai de uma árvore."
( Rosimeri Da Cruz)
KILL
Aquela noite foi a mais temida de todas, que aquela pequena cidade presenciou. Havia lugar somente para a névoa que transpassava a sombra das ruas despedaçadas e invadia a alma daqueles habitantes que lançavam olhares tristes, deixando todos que ali estavam estagnados . Afinal nunca os cidadãos haviam presenciado algo tão cruel, mulheres haviam sido assassinadas, o assassino nem ao menos se lembrou de deixar um mísero vestígio sobre o local do crime, nada que pudesse identificá-lo foram crimes perfeitos da mais pura competência que até hoje ninguém jamais aumenos desconfiou de quem teria feito aquele massacre contra as mulheres livres, todos começaram a acreditar que aquele dia não passou de delírios provocado pelo imaginário de suas mentes.
(Rosimeri Da Cruz)
Em busca do amanhã
É engraçado perceber como a vida,não passa de um fio fino,que a qualquer momento pode ser rompido,frágil porque com um simples sopro ele pode escapar das nossas mãos e voar para um lugar tão longíquo,que nem mesmo os nossos maiores esforços serão capaz de encontrá-lo novamente.
Feio quando de repente somos obrigados a termos um encontro com a cruel e horrível realidade e sombrio por sermos forçados a aceitar essa cruel realidade que até então estava escondida.
Em algum momento da sua vida você já se perguntou por que temos que passar por determinadas situações que nos causam dor e sofrimento?
Caro leitor nem sempre temos as respostas para as questões como essas pois o rumo que ela toma, nenhum de nós sabemos qual será, como será, quando será ou onde será, mas a única certeza que temos é que um dia ela deixará de existir.
Para mim, é como se eu estivesse vivido os meus cinqüenta e cinco anos, em um único dia, tudo ainda é tão breve, já que os meus fantasmas insistem em me perseguir, querendo sangrar e sangrar e sangrar o meu pobre e duro coração, ainda posso ouvir as suas malditas vozes, vozes de víboras persuasivas, que estão impregnadas em todo o meu ser e no mais profundo da minha alma.
Faz vinte e cinco anos, que moro na mesma casa velha, ela é toda de pedra, com muitas teias de aranha que ajudam a decorá-la, não tem nenhum quadro, nenhuma foto, nada que me lembre o passado.
Ainda durmo na mesma cama dura, uso as mesmas roupas, quando uso, banho já não tomo há cinco anos, mas confesso que o cheiro me agrada, não tenho nenhum vizinho, nenhum contato com a chamada civilização, pois a casa onde moro fica na montanha, cercada de árvores, muros muito altos e portões enormes, justamente para que ninguém possa me perturbar.
Embora o que mais me perturba está guardado na minha mente, em algum lugar que nem mesmo eu tenho mais acesso.
Mas, nem sempre foi assim, houve uma época da minha vida, que eu tive uma casa de verdade, uma família, muitas pessoas ao meu redor e por um breve tempo eu gostei, ou melhor, amei essa época e tudo o que ela me proporcionou.
Tudo começou quando eu tinha sete anos, a casa dos Willians foi vendida e dois meses depois os Vanhausen a compraram, lembro-me do dia como se fosse ontem, pois me apaixonei desesperadamente com todas as forças do meu coração pela filha deles, a pequena e graciosa Julie.
Não demorou muito tempo para que ficássemos amigos, para falar a verdade, nada mais teria graça, se ela não estivesse comigo.
Os anos passaram-se, porém o meu sentimento por ela permanecia intacto, inabalável, ao passo que no fim daquele mesmo verão estávamos namorando e cada minuto que eu passava ao lado dela, fazia com que eu me apaixona-se ainda mais por ela e pela sua beleza encantadora.
Além da sua esplendida beleza, Julie era uma moça muito culta, de uma inteligência admirável, dos seus lábios saiam apenas palavras doces e delicadas, parecia que tínhamos nascidos um para o outro, sempre que estávamos juntos perdíamos a noção do tempo e ficávamos conversando por horas e horas e quanto mais falávamos, mais queríamos falar, não tinha assunto que ela não soubesse ou falasse, tudo ela sabia, tudo entendia, além disso, ela era uma verdadeira dama, posso ainda afirmar que jamais conheci uma pessoa melhor do que ela, nem mais integra, nem mais bela, nem mais calma e nem mais controlada do que ela.
Ah essas vozes, essas malditas vozes, vão embora, saiam daqui, eu não quero mais ver vocês, não quero mais ouvir, saiam agora, ah seus infames parem de me perseguir, ai, dói, como dói, a minha cabeça parece que vai explodir, os meus ouvidos já estão cansados de ouvir essas vozes repugnantes que me assombram dia e noite, noite e dia, eles falam, sussurram,gritam, batem, é eles também batem, debaixo da cama, eu vou me esconder debaixo da cama, lá eles não podem ir, lá eles não me pegam, não vão, não vão.
Seus miseráveis, porque fizeram isso? O que eu fiz? A culpa é toda de vocês, só de vocês.
Acalma-se querido, você precisa se acalmar, eu estou aqui com você, eu não vou te abandonar, vamos me de a sua mão, eles já foram embora, agora você está seguro, pois eu estou aqui.
Depois de ouvir essa voz suave e generosa, um sentimento de calma e tranqüilidade tomaram conta de mim e eu pude sair debaixo da cama.
É querido leitor, o meu passado, tem muito mais fantasmas do que você pode imaginar, nem sempre aprendemos a lidar com os nossos problemas e nem sempre as soluções que encontramos são as mais adequadas ou as mais sensatas, na maioria das vezes acabamos nos arrependendo das nossas decisões, mas já é tarde demais para voltar.Voltando para as perdidas lembranças do meu passado, a minha história com Julie a cada dia ficava mais bonita, mais intensa e mais verdadeira.
Ela me dava a certeza de querer viver, de querer te-la ao meu lado todos os dias da minha pobre vida, fazíamos planos de quantos filhos iríamos ter, como seria a nossa casa e juramos envelhecer juntos, como você pode ver leitor o nosso juramento não foi mantido.
Namoramos durante vários meses, tivemos os mais lindos e gloriosos momentos, esses mesmos que tornaram-se inesquecíveis, dando-me a certeza de que queria te-la como esposa e companheira pelos restos dos meus dias.
O nosso casamento foi sublime, jamais vi outro igual, éramos tão felizes, até um filho iríamos ter, mas em um belo dia Julie passou mal contraindo uma hemorragia, foi inevitável, ela perdeu o nosso filho.
Em um determinado dia, eu quis fazer uma surpresa para Julie, decidi ir para casa mais cedo, querido leitor você não imagina como um segundo apenas foi o suficiente para acabar com toda a minha vida, ou o que eu acreditava que fosse a minha vida.
Quando cheguei em casa, subi as escadas louco para matar a saudade da minha querida esposa, me arrependo amargamente desse dia, pois quando entrei no quarto, encontrei-a nos braços do meu querido e amado irmão, é leitor eu tinha um irmão, pois para mim ele já não existe mais, mas essa cena foi apenas o começo das minhas desilusões, descobri que a minha querida esposa nunca me amou, nunca foi santa, nunca foi ingênua, pelo contrário, o tolo fui eu que acreditei cegamente nos dois, como se não bastasse, descobri que Julie abortou o nosso filho propositalmente, ela me confessou que nunca quis ter um filho comigo, pois tinha nojo de mim, limpando-se cada vez eu que a tocava, sem que eu visse, o meu amado irmão quem eu depositava a minha total confiança riu de mim, me humilhou dizendo que era mais homem do que eu, que nenhuma mulher jamais me amaria, pois até um verme era mais digno.
O choque que eu levei foi tão grande, que eu não consegui mais ficar ali naquele lugar infame, cruel e monstruoso que eu pensava que fosse o meu lar, imediatamente sai correndo, desesperado, com vergonha de mim mesmo, sentindo-me fracassado como homem, como irmão e como ser humano.
Corri durante dias, durante noites, até que encontrei uma casa na montanha mais alta, mais perigosa e mais traiçoeira que já conheci.
Fugi para não ter que encarar os risos, as piadas que todos fariam a meu respeito, por não saber lidar com os problemas que surgiram diante da minha face, para não precisar nunca mais me olhar no espelho, sendo obrigado a encarar a mim mesmo, eu não iria agüentar toda essa humilhação, entretanto sei que não deveria sentir-me envergonhado já que eu não fiz nada, porém esse e todos os demais sentimentos que surgiram são inevitáveis, incontroláveis, tornando-me um homenzinho medíocre.
Por todas essas coisas que me aconteceram, eu perdi o controle de mim mesmo, vivendo entre a realidade e a paranóia, construindo para mim um mundo de fantasias para talvez poder esquecer para sempre toda essa tragédia que se tornou a minha vida.
Vivo apenas em busca do amanhã, com a esperança de apagar totalmente essa triste lembrança do meu infeliz passado, pois o que seriamos de todos nós se perdese-mos a esperança?
Nem sempre a nossa vida é como nós planejamos, ela na verdade é uma caixa de surpresa, que quando menos esperamos algo inesperado acontece, sinto dizer mas na maioria das vezes detestamos essa surpresa que a vida faz questão de dar, o que torna de certa forma mais difícil de aceitar a tal imposição, tanto propagado pela pobre vida ou destino, como muitos afirmam.
Independente do que seja, ainda assim não quero deixar de acreditar em alguma coisa, me recuso a aceitar que o amanhã poderá ser pior do que hoje, que nada poderá se resolver, que a minha existência nesse mundo não tem mais sentido, que nunca mais irei recuperar a minha essência, é claro que nada voltará a ser como antes, não importa, pois tudo o que vivi foi uma mentira cruel e sem vergonha, entretanto desejo do mais profundo do meu ser acreditar e buscar o amanhã.
Querido eu estou aqui, vem comigo, juntos nós poderemos mergulhar no imenso universo que nos espera, vem meu anjo, vem, eu estou te esperando.
Você não é real, eu estou delirando, você não existe, vai embora sai daqui.
É mesmo então porque você não toca em mim, então verás que sou de carne e osso, assim como você, vem querido, vem comigo.
Não pode ser, eu posso tocar em você, posso sentir o seu calor, posso beijar a sua boca e sentir os seus lábios entre os meus, mas como é possível?
A anjo da minha vida, para de criar tantos empecilhos e venha comigo, prometo que não irá se arrepender, vem meu bem, vem, não pense mais, porque está duvida não acredita em mim?
Estou triste com você, o que eu fiz para que duvide de mim, eu não mereço isso, anda querido, venha, nós vamos ser felizes, você vai ver, esqueça a Julie ela não existe mais.
Afinal, que é você?
Sou o teu eterno e único amor, para provar a grandeza dele, eu lhe trouxe um presente e aposto que você irá gostar, agora está convencido do meu amor por você?
Eu não irei te abandonar, ela te abandonou eu não, não farei isso com você, isso já não é suficiente?Vem, não vou te abandonar, nunca farei isso, eu prometo quantas vezes forem necessário.
Você não existe, sai, mas antes qual é o meu presente?
Toma veja você mesmo.
Nunca me senti assim, depois de receber o meu presente, fiquei tão leve parecia que já não era mais eu que estava ali, o meu corpo parecia se desfazer da sua existência material, eu nunca me senti tão bem, de repente tudo ganhou mais cor, até as paredes deixaram de ser pedra para tranformar-se em uma cor meio avermelhado, para falar a verdade até eu estou vermelho, essa cor é engraçada, ela penetra no mais fundo da nossa alma, tranformandonos simplesmente em pó.
( Rosimeri Da Cruz)
O que você faria?
Quando abro os meus olhos vejo a mesma porta empoeirada, que o tempo tratou de corroer, as mesmas paredes escuras e frias que encobrem todas as minhas angústias e lamentações que ficavam perdidas no meu trágico e incompreendido passado.
Há também uma cama velha com um colchão desconfortável causando dores no meu velho corpo.
Durante os longos dias, as longas horas e os longos meses em que fui destinada a viver nesse lugar, onde o meu melhor amigo é a solidão, desejei do mais profundo da minha alma que a sombra da escuridão viesse e tomasse conta do meu ser, colocando assim um ponto final no meu martírio levando me ao descanso ou castigo eterno, já que sou a mais indigna das mulheres.
-Olá, dona generosidade, como vai?
-Um dia desses vocês entederão o que eu fiz.
-O que você fez, cadela, é imperdoável.
-Sai daqui, vai embora!
-Ta nervosa é, fica ai com a sua bela janta que amanhã eu volto para buscar o seu prato.
Detesto essa mulher com todas as forças, desde que eu cheguei aqui ela me persegue, com o seu terrível e insuportável sarcasmo.
Confesso que tenho vontade de mata-la para nunca mais ver o seu sorriso irônico transparecendo em toda a sua face.
Você deve estar se perguntando quem sou eu? Onde eu estou? O que eu fiz? E quem é essa mulher que me persegue?
Meu nome é Sarah, não faço a menor idéia de quantos anos tenho.Calma querida leitora, você já irá entender o porquê que eu não sei a minha própria idade, mas garanto que não alsaimer, infelizmente pois assim eu não me lembraria de tudo o que aconteceu e também não poderia te contar a minha triste história.
Eu nasci na cidade de Chicago, na manhã do dia 14 de novembro no ano de 1925, em uma bela manhã de inverno.
Eu sempre tive uma vida confortável, nunca me faltou nada, o meu pai era um homem de negócios que sabia como ganhar dinheiro, tanto que nem mesmo a crise de 29 foi capaz de afetar a sua imensa fortuna.
Quando eu tinha quinze anos, conheci o meu falecido esposo.Seu nome era Robert.Lembro-me do dia, como se fosse hoje, foi o dia mais feliz da minha vida, pois naquele momento eu soube que era o homem que arrebataria o meu coração.
Ele era alto, forte, os seus cabelos eram da cor do sol, sua pele da cor da neve, os seus lábios vermelhos como uma maçã, linda e bela maçã e os seus ternos olhos eram negros e sedutores, que me faziam estremecer.
Alguns meses depois estávamos casados.Os anos passaram-se e nesse meio tempo tivemos uma linda filha, a quem demos o nome de Rebeca, que era fruto do nosso amor, porém dois meses depois do seu nascimento o meu marido morreu.
Passaram-se vinte anos, porém desde a morte do meu amado esposo, nunca mais me casei.
Na bela casa que herdei de Robert e toda a fortuna que o meu pai deixou, fizeram-nos ter uma vida tranqüila e confortável, até o inesperado dia em que iríamos acordar do nosso esplendoroso sonho para começar a viver o pesadelo em que nossas vidas iriam se transformar.
No dia 10 de Junho de 1965, eu e Rebeca estávamos em Nova York, quando a minha querida e amada filha de repente caiu no chão do hotel.
Ela gemia e gritava e gemia e gritava e gemia.
Desesperada, levei-a imediatamente ao hospital, pois não poderia permitir que nada de mal acontecesse com ela.Se eu a perdesse, a minha vida não teria mais sentido algum, pois era a única herança deixada pelo meu amado esposo, e eu não suportava a idéia de perdê-la e se isso acontecesse eu morreria.
Depois de uma série de exames, o médico, Dr.Edward Engels, chamou-me até o seu consultório e falou:
-Infelizmente a sua filha não tem muito tempo de vida, ela está com câncer nos ossos, já em estágio terminal.
-Não, doutor, não pode ser verdade.Naquele momento eu entrei em desespero.O senhor está brincando comigo?
-Não, minha senhora, disse o médico. O meu dever é curar vidas e não brincar com os sentimentos das pessoas.
-Me perdoe, eu não sei o que pensar.
-Eu entendo.
-E não há nenhum tratamento para a doença?
-Tem sim, ela irá ficar algumas semanas no hospital, onde começará a tomar morfina, depois irá para casa.
-Morfina, doutor?
-Não tem outra solução, o câncer está muito evoluído, por enquanto a morfina aliviará a dor, mas daqui a algum tempo nada irá resolver.
-O senhor está me dizendo que a minha filha irá morrer?
-Infelizmente só um milagre poderá salva-la.
Depois da noticia, entrei em estado de choque, era como se o chão desabasse sob os meus pés.
Eu nunca chorei tanto na minha vida, nunca acreditei que existisse algo superior, mas a partir daquele dia passei a rezar e a fazer promessas, pois eu tinha que tentar de todas as formas salvar a vida da minha filha.
Mas o seu estado de saúde piorava a cada dia, mas, embora ela estivesse fazendo o tratamento que o médico ordenara, ainda assim ela não melhorava.
Passaram-se dois meses e Rebeca teve uma leva melhora que a possibilitou de ir para casa, mas a cada dia a dosagem de morfina aumentava, porém os seus ossos doíam tanto que a coitadinha gritava de dor toda a noite e eu sempre estava lá para ampará-la, ajuda-la em seu tratamento e expressar todo o meu amor de mãe, porque para mim ela era a única coisa que importava.
Ela queria de todas as formas viver, lutou e acreditou que venceria a doença.
Passou-se mais um mês e parecia que as minhas preces estavam sendo atendidas até que em uma noite, quando finalmente Rebeca já não gritava mais de dor e conseguia dormir tranqüila, bateu-me de repente um desespero e um ódio súbito daquela vida que eu amava tanto e que sempre fazia tudo por ela.
Em um ato inexplicável eu apliquei novamente a morfina em suas veias provocando uma super-dosagem e ocasionando a sua morte.
Imediatamente liguei para a polícia e disse que havia assassinado a minha amada filha, então em 10 de Setembro de 1965 eu fui presa.
Todos que me conheciam ficaram chocados e ao mesmo tempo se perguntavam por que eu matara Rebeca. Afinal, eu não a amava?
Querida leitora, essa pergunta é mais difícil de responder do que se pode imaginar, tão difícil que nem eu mesma sei o que aconteceu, mas acredito que o medo que eu tinha de perdê-la falou mais alto, pois quando deixamos que os nossos medos tomem conta do nosso ser é quando praticamos as maiores loucuras e por ironia do destino, embora eu tenha tido um breve momento de ódio, eu fiz o que fiz por amor e não por ódio, como achava até esse momento,
Sei que está se perguntando como alguém mata e diz que foi por amor? Todos me condenaram, mas eu como mãe, não poderia suportar a idéia de ver novamente o sofrimento estampado na sua face, pois a cada recaída o seu estado agravava ainda mais.
Eu sei que não tem justificativa e nem perdão pela decisão que tomei, mas posso afirmar que paguei pelo meu erro dia após dia e ainda pago, já que no julgamento fui condenada à prisão perpétua e aquela mulher que me humilha é a carcereira.
Não quero e não posso convencer a ninguém do que fiz a coisa certa, na verdade nem a mim mesma, mas compreendo que jamais odiei a minha filha.O ódio que senti naquele momento foi de mim mesma por ter tido coragem de acabar com a vida de quem queria tanto viver. E você o que você faria?
Eu não sei quantos anos tenho, mas sei que logo irei partir, pois quando olho nas minhas mãos percebo como o tempo passou, talvez a única esperança que me resta é a morte, para que eu possa encontrar a minha filha para pedir o seu perdão e quem sabe abraça-la novamente.
Hoje segundo a carcereira é sexta-feira e agora está na minha hora de dormir. É engraçado, mas estou voando, cara leitora, voando com a esperança de rever minha querida Rebeca, já me sinto leve como uma pluma, está chegando alguém, é a carcereira, é leitora, eu morri e do alto posso ver o meu velho corpo e como fiquei feia, mas não acredito no que eu estou vendo, a carcereira que me perseguia, lembra? É ela entrou em desespero ao ver-me morta, pois agora quem ela irá perseguir?
Ela acabou de cometer suicídio. Que ironia não? Nem depois de morta vou ter sossego. Bom, esta é a minha história. Adeus querida leitora, até a outra vida.
( Rosimeri Da Cruz)
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
domingo, 18 de julho de 2010
O esplendor de uma alma
Em uma manhã de outono, resplandecia a árdua névoa cinzenta que pairava sobre o castelo, tudo estava sombrio e a tristeza tomara conta desde as ásperas paredes até a mais mísera alma que ali habitava. Quando ela entrou em seu belo quarto, não acreditou na cena em que estava à sua frente, a perplexidade da ocasião a deixou totalmente em estado de choque, seus olhos nem mesmo se ofereciam para piscar. Lentamente as lágrimas caíam dos seus olhos tristes fazendo um esforço para chegar até o fim da sua pálida face.
A sensação que contagiou o seu ser, foi a falta que o seu amor iria fazer, a felicidade que havia partido sem dizer adeus, os planos que jamais poderiam ser cumpridos e a difícil missão de educar sozinha a nova vida que surgia em seu ventre. Em meio a terrível dor que apunhalava seu coração, ela encontrou forças no mais fundo da sua alma para continuar vivendo, pois agora surgia uma nova forma de amar, o amor incondicional de uma mãe por seu filho.
Mas, ainda assim quis fazer uma última homenagem a mais doce alma que havia conhecido, alma esta que contagiou o seu ser e a transformou em um ser humano de verdade. Ela o colocou em o seu túmulo no jardim do castelo, em meio as mais belas flores que existiam, seu amado marido agora descansava por toda a eternidade e a única coisa que sobrou da sua existência foi o esplendor da sua nobre alma.
( Rosimeri Da Cruz)
Assinar:
Postagens (Atom)